25 de out. de 2008

"O começo"

“Uma nova mensagem” era o que estava na tela daquele celular importado do Japão que ganhara de minha mãe no aniversário de 15 anos. “Estou no velório de uma prima, não vou à aula hoje, saudades.”, dizia o texto mandado por Gisella, talvez a morena mais linda de todo o colégio. A morena mais linda e comprometida da qual eu trepo e finjo estar apaixonado nos fins de semana. Ela não ia à aula e isso pouco importa, dei a última tragada em meu Camel, joguei o toco com a ponta dos dedos e virei a esquina. Lá estava minha adorável escola e meus adorados colegas. Mentira. Não via a hora de encontrar Larissa e comentar alguma roupa ridícula que alguma garotinha mais pobre estaria usando.
- Você ficou sabendo? Aquela excluída horrorosa se matou ontem à noite, nem sei o nome dela, mas era da nossa sala.
Ouvi este comentário de um popularzinho para um qualquer da outra turma. Devo saber o nome dele, mas não faz diferença. Ah, este é o típico garoto do qual eu seria amigo se tivesse algum: Um tanto estiloso e, ainda por cima, bonito. Anorexo, todos sabiam, mas bonito.
Passei pelo portão principal como se o ar que eu respirava fosse melhor que o dos outros. Era, e eles sabiam. Alguma garota que passava apressada pelo corredor rumo à minha sala me esbarrou. E eu não suporto contato físico inesperado.
- Não olha por onde anda não, idiota? – Disse aquela loira perfeita do nome estranho que usava uma bolsa Chanel vermelha combinando com sua saia de um tom mais claro e seu perfume da mesma marca. Já o havia sentido.
- Eu não preciso olhar, linda. Você deveria o ter feito por mim. – Disse com meu tom mais estúpido. E continuei andando ao meu destino.
Ah, como eu queria entrar por debaixo daquela saia. E ainda vou, um dia, eu sei.
Entrei na sala, vários cochichos, vários comentários sobre o suicídio da feia excluída do outro 1° colegial. Avistei Larissa sentada ao fundo da sala com os pés em cima da mesa, como de costume, e sentei-me ao seu lado.
- E aí, gostosa, como tá?
- Com uma puta ressaca, Freddy. Exagerei no uísque do meu pai ontem à noite.
- Hahaha, só uísque? - Eu, como ela sabíamos que não havia só uísque na corrente sanguínea daquela lésbica...
E por 5 minutos continuamos as conversas fúteis que tanto adorávamos. Até a gorda mal comida da professora de física entrar na sala.
Agüentei por 30 minutos aquela voz estridente até ir para o banheiro e tentar, de algum modo acabar com o tédio. Minha última esperança era Gisella entrar no boxe e abaixar minhas calças caras, mas isso não aconteceria hoje. Então resolvi com o pó compacto que Lari me emprestara minutos atrás.
Devo ter levado o pó para casa, ou acabei com aquele saquinho ali mesmo no banheiro, não lembro. Antes de encontrar com Giovani, o melhor amigo, e perguntar se sua namorada Gisella estava superando a morte da querida prima que eu nem conhecia, sei que o resto do meu dia foi resumido a uísque e cigarros, deitado na cama.

Um comentário:

@vinnisilva ; disse...

heey , MORRI , qê isso hein ? :x
tudodebom , esta história .
naao sabia qe escreviam , parabeens ;
já sou FÃ . <3

beigsmil :*