Quando criança era diferente, estudava no melhor colégio de sua cidade, chamavam-na de menina prodígio, pois com apenas nove anos já fazia as mais belas harmonias em seu violino.
Grande dificuldade em comunicação, não tinha amigos, e nem se preocupava com isso. As melhores notas, as melhores idéias, uma filha perfeita.
Ao completar quinze anos – a idade dos sonhos para qualquer garota – para ela não importava. Que diferença faz, é apenas mais um ano sem graça e sem nexo, logo pensava.
Ainda era a melhor de sua turma, ainda era a garota prodígio, e as harmonias eram as mesmas, estava limitada como pessoa. Não criava mais, não pensava mais.
Sempre com uma caixa às mãos – uma caixa pequena, sempre trancada por um cadeado.
Como sempre Leila chega do colégio, põe-se na mesa de jantar, conversa com os pais – coisas inúteis – e dirige-se ao seu quarto, como sempre em silêncio. Seus pais já acostumados.
Leila senta-se na sacada – pequena, porém confortável – acende seu cigarro, olha as estrelas, sempre com sua caixinha nas mãos. Minutos se passam, pela primeira vez em anos seus pais escutam um barulho vindo da sacada, apenas um tiro.
23 de out. de 2008
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